Taí a culpada por este blog ir para o ar, panqueca de espinafre com ricota, ingênua, insossa, uma coisa, digamos assim, de quem deve estar fazendo alguma dieta, pois foi fazendo a dita cuja que meu namorado, astro do rock, nada afeito aos mistérios de uma cozinha, começou a me inquerir sobre as diferenças entre a ricota e o queijo minas - quantas calorias, quais as características, tem sal, não tem, e a gordura? essa coisa de metrossexual ainda vai me deixar louca! - e o cottage então, verdadeira aventura culinária... Enfim, no meio desta conversa besta do dia-a-dia, não sei porque surgiu a tal ricota com água e na hora pensei, isso deve ser bom para nome de blog, será? Blog de que? Ainda estou elaborando, mas vejam bem meus leitores queijólatras (deve haver queijólatras, eu sou um pouco) o que lhes parece a combinação de algo como a ricota com a água? Meio sem graça, né? Então, talvez este blog seja o lugar para comentarmos acontecimentos diários um pouco sem graça, aqueles que você poderia morrer tranqüilamente sem tomar conhecimento, e isso não faria nenhuma diferença lá na hora do seu passamento, ou pode ser um espaço para se falar de combinações desagradáveis, não palatáveis, à nossa volta, ou ainda reunirá amigos informalmente para compartilhar uns queijos despretenciosos, acompanhados por um bom vinho, porque a seco também não dá. Estamos fermentando, eu e vocês, novas relações, velhas opiniões, para ver o que sairá desse caldo...
Devo dizer que depois de toda essa conversa construtiva sobre os benefícios da ricota, enquanto eu adicionava o coalho ao leite, veio também na minha lembrança a figura de uma amiga de faculdade, uma figura rara, uma fofa, como ela mesma costuma designar os demais, acontece que ela, não contente em ser uma das melhores alunas da turma de Filosofia, um dia resolveu me mostrar sua forma de relaxar a mente - palavras dela. Dentro de sua bolsa havia uma dessas revistas de fofoca, bem barata e popular, que ela costuma ler nas férias como forma de se desligar um pouco desse mundo da reflexão. Aquilo ficou na minha cabeça por dois motivos: primeiro, a forma de segredo mortal dela ao me revelar sua leitura - se outros coleguinhas soubessem, seriam bem capazes de nunca mais lhe dirigir a palavra -; segundo, a complexidade da gente. Só porque a menina apresenta bons resultados acadêmicos não é preciso eliminar as outras facetas de sua personalidade, inclusive a possibilidade de gostar sim de ler algo popular, sem que isso a torne alguém incapaz de refletir quando é chegado o momento. Porque estou falando isso aqui, o que a ricota tem a ver com o camembert? Pois este é meu espaço para relaxar a mente também. Não façam muita espectativa, eu não tenho, ao contrário do outro blog, o Mímesis outrem, este aqui é minha revista popular lida com todo mundo e ao mesmo tempo.
É isso, a fermentação continua...
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