sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Olá queijólatras,


Muita calma nesta hora! Primeiro, este blog não foi abandonado à própria sorte, a ricota não desapareceu depois do desenrolar dos fatos das duas últimas semanas, ela estava somente fermentando. Fermentando um mundo de ponta-cabeça onde os valores ficaram meio fora de perspectiva, ao que me parece, ou não é nada disso e eu é que estou ficando caduca? Sei lá, depois que aviões andam saindo da pista, assim gratuitamente, matando um número considerável de pessoas e políticos andam mais preocupados com a repercussão da notícia do que com as vidas que se perderam, o queijinho aqui só pode acreditar que está tudo de pernas para o ar. E o pior disto tudo é a pergunta que fica martelando a toda hora: porque as coisas acontecem do jeito que acontecem e parece que fica tudo por isso mesmo? A poeira vai baixando, a mídia vai cansando, os parentes retomam suas vidas e tudo volta ao seu normal. Será? Parece que tudo é sempre culpa de outros e os casos mais escabrosos, vamos dizer assim, que rondam nosso país é sempre culpa dELES, dos outros. ELES, como já disse meu amigo pensador, é uma figura de terceira pessoa cada vez mais presente em nossas vidas. ELES estão sempre por trás de tudo, são os donos da informação, sabem o que é real neste nosso mundo ou não. Nós, diante dELES, o que podemos? Onde anda o poder de decisão de cada um, de cada EU? Muito cômodo falar desta terceira pessoa indefinida, indeterminada e ao mesmo tempo determinante. As culpas, as decisões, os erros e os acertos são sempre dELES. EU, quem sou EU? Não posso nada, não sei de nada, não decido. Também não erro e tampouco acerto. ELES é que dominam. Assim é moleza. O avião sai da pista, mata centenas de pessoas e foram ELES que não cumpriram todas as condições necessárias de segurança para que o aeroporto funcionasse. ELES não sabiam do risco. ELES elegeram fulano e beltrano que rouba, falsifica, não exerce a função para a qual NÓS os escolhemos. NÓS, esse conjunto de EUs, que não assume a responsabilidade por suas escolhas e decisões. NÓS, essa reunião de EUs, que só faz reclamar dELES; mas será que NÓS agimos como uma comunidade de EUs responsáveis por seus erros e também por seus acertos? Ah, queijólatra, da próxima vez que você se pegar falando que a culpa é dELES lembre-se que a culpa dELES estarem onde estão, agirem do jeito que agem, falarem o que falam, enfim, o resultado do seu mundo também se mostrar de ponta-cabeça é um reflexo da sua primeiríssima pessoa, no singular mesmo. Nada pode melhorar, mudar, acontecer tendo por guia uma abstração vazia como uma terceira pessoa do plural indeterminada e distante do teu EU. No final das contas sou EU a responsável por meu mundo encontrar-se da forma que está, mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa...

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